Como ajudar o meu filho a não se sentir uma vítima?

 

Como referi nas últimas publicações, eu acredito que nós, pais e educadores, temos um papel fundamental na prevenção do “bullying”.

Hoje, vou lançar aqui algumas dicas que poderão ser úteis na prevenção da “vitimização”.

Passando à prática…

Se descobrir que o seu filho é alvo de abusos ou tem tendência para tal, é importante que ele se sinta seguro e tranquilo quando este assunto for abordado.

Uma boa forma de o fazer é iniciando uma conversa depois de terem lido uma história sobre este tema. A mãe ou o pai podem começar por perguntar qual foi a sua parte favorita da história, de que personagem mais gostou… o que terão sentido as personagens implicadas, etc…

A conversa também pode ser iniciada durante uma refeição, por exemplo, num registo espontâneo e descontraído, através da partilha de episódios reais que possam ajudar a descontrair o ambiente e a desenvolver o diálogo. Há sempre uma história engraçada para contar, seja do pai, do avô ou de um tio...

O importante é que a criança não sinta que está a ser alvo de um interrogatório.

Além disso...

- É essencial que, no momento em que o seu filho lhe conta algo, se mantenha sempre em processo de Escuta Atenta, evitando ao máximo qualquer tipo de "explosão emocional" (seja de espanto, revolta ou tristeza). Isto é, deve ouvi-lo de uma forma tranquila e compreensiva, sem lhe passar os sentimentos – por vezes intensos – que possam surgir. Terá tempo para reagir, posteriormente, já bem longe do seu filho!

- Não culpe o seu filho, dando-lhe a entender que ele é “demasiadamente sensível” e que por isso os outros abusam dele (mesmo que "sinta" que assim é). Não se esqueça que está a falar com uma criança e não com um adulto.

- Juntos, preparem um plano de ação que ajude o seu filho a sentir um maior controlo sobre o que lhe está a acontecer. Podem, numa primeira fase, teatralizar situações de troça, crítica, ou mesmo tentativas de agressão, para que ele se sinta mais à vontade neste contexto.

Foi isso que eu fiz com as minhas filhas quando a mais velha andava no terceiro ano, criando treinos que incluíam: o “role-playing”, com "sessões de gozo" em que eu ora era uma "vítima", ora era uma "agressora"; treino de “saber ouvir” os mais desagradáveis comentários sem revelar sinais de irritação ou revolta; treino de postura “à polícia”; treino de “olhar sem medo”; treino de defesa (agarrar com firmeza o braço do “agressor” e/ou dizer: “Pára!”)...

Posso garantir que, apesar de no início não ter sido fácil, pois ninguém gosta de ser gozado (sendo fundamental aqui abrir espaço para a expressão dos variados sentimentos que surgem nestes contextos), conseguimos chegar a um ponto em que as gargalhadas substituíam as reações mais comuns, de desagrado e de amuo. E com estas sessões de treino, não foi muito difícil para as minhas filhas perceberam que quem se irrita ou amua é quem perde… e que os “gozões” e os “agressores” ficam muito contentes quando sentem que conseguiram o que queriam: irritar, incomodar ou magoar o seu alvo.

Mas atenção, é importante que o pai não encoraje o seu filho a reagir de uma determinada maneira se este não se sentir preparado para tal. O treino de “saber ouvir” comentários desagradáveis, só por si, já lhe vai dar alguma “bagagem”, o que poderá ser suficiente para ele se sentir mais forte e seguro. Não se deve forçar, mesmo que no início a sua participação possa ser apenas passiva.

Finalmente...

- Valorize e elogie o seu filho pelo facto de ele partilhar consigo aquilo que o incomoda, no que diz respeito a situações de abuso e/ou intimidação. Diga-lhe também que está orgulhoso do plano que elaboraram e do treino que estão a fazer, pois isso irá trazer benefícios acrescidos.

Haveria muito para dizer, mas a publicação já vai longa!…

Fique bem e até breve!

Manuela Mota Ribeiro

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