O medo e a baixa de autoestima podem ser demolidores...

 

Tal como prometido, esta publicação irá incidir numa história real, que aconteceu comigo quando era pré-adolescente.

Estava eu a regressar, em pleno intervalo, à sala de aula para ir buscar o meu lanche (do qual me tinha esquecido), quando me deparo com um cenário desolador...

Uma menina com um aspeto “diferente”, a quem alguns chamavam “bruxa”, estava a ser vítima de um ataque por três colegas meus, que se riam e troçavam daquele ser tão frágil e assustado, chamando-lhe nomes, roubando-lhe o lanche e despejando o conteúdo da sua mochila no chão.

Na altura, eu não sabia o que queria dizer a palavra “bullying”... Mas sabia que aquilo que estava a acontecer ali era muito mau e que tinha de parar. E, sem saber bem como (pois eu não me considerava propriamente uma "miúda segura”), "dispararam" de dentro de mim três frases que fizeram com que aqueles jovenzitos saíssem do local:

“O que é que vocês estão a fazer? Vão-se já embora daqui! Deviam ter vergonha!”

Hoje, ao recordar aquele momento, sei que os miúdos não tinham bem a noção daquilo que estavam a fazer… Precisavam da orientação de um adulto de referência que os ajudasse a compreender que aquele tipo de comportamento não era mais do que uma agressão. Uma agressão de 3 para 1, em que o 1 era uma menina frágil. E que essa menina poderia vir a sofrer, para toda a vida, as consequências nefastas daquele ataque.

Jamais esquecerei o olhar assustado da menina quando me baixei para a ajudar. Tinha olhos da cor do sol. Tranquilizei-a. Eu não lhe ia fazer mal...

De seguida, a compaixão que senti por ela tornou-se ainda maior quando lhe disse que ela não merecia ser tratada assim, e que os seus olhos tinham uma cor espetacular, como eu nunca tinha visto.

O seu olhar âmbar rapidamente se transformou num olhar que questionava...

Nunca ninguém lhe dissera que tinha uma cor de olhos espetacular?!

Apesar de ela não ter pronunciado uma única palavra, percebi que havia ali uma enorme falta de amor-próprio e a sensação que tive foi de que ela nunca recebera um elogio… Era triste, até porque parecia que ela não acreditara no que eu acabara de lhe dizer. E ela tinha, de facto, uns olhos incríveis! A sua imagem está gravada na minha mente...

Este episódio marcou-me para sempre. E acredito que tenha uma grande influência no facto de eu sentir necessidade de escrever e de falar com crianças, jovens e adultos, sobre situações como esta, que tanto sofrimento provocam. Pois eu sei que é possível minimizar o sofrimento e prevenir situações como esta, ajudando aqueles que têm tendência para agredir e os que têm tendência para se colocarem na posição de vítima.

Na próxima publicação, partilharei algumas dicas, de acordo com o "treino de gozo” que eu dei às minhas próprias filhas!

Até breve e obrigada por estar aí.

Manuela Mota Ribeiro

 

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